Cultura industrial japonesa
Em contraste com as empresas ocidentais, os engenheiros
recém formados no japão normalmente começam as suas carreiras a trabalhar no
chão de fábrica (na produção).
O argumento histórico dado para esta prática foi a
necessidade do Japão rapidamente transferir e incorporar tecnologia oriunda do
ocidente.
O chão de fábrica era como um laboratório, com uma
elevada concentração de engenheiros cujo papel era resolver os problemas de
implementação das novas tecnologias.
Esta forma diferente de utilizar os engenheiros,
faz sentido não só para atingir elevados níveis de inovação nos processos
produtivos, bem como em termos de otimização de processos, nomeadamente redução
dos tempos de “setup”, re-engenharia de equipamentos e processos.
Este nível de capacitação no chão de fábrica e
diferença de cultura permitem que no Japão se dê um papel de destaque no
desenvolvimento às equipas de “Manufacturing Engineering”; enquanto no ocidente
este papel principal é dado às equipas de “Product Engineering”.
A diferença de cultura industrial é uma das
razões pela qual o “TPS” (Toyota Production system) tantas vezes tentou ser replicado por empresas ocidentais sem sucesso. No entanto o Japão "exportou" diversos conceitos industriais ligados ao "lean", nomeadamente "Kaizen", "Poka Yoke", "Gemba","Mizusumashi", "5S", entre outros.
Quando analisamos o tempo de colocação de novos produtos
no mercado, voltamos a ver que as empresas que lideram, pela sua rapidez, normalmente são japonesas.
Vamos analisar alguns dados relativos a 2013, colocandos os em forma de ranking mundial:
Ficando evidente o poder do Japão em termos de exportações.
Ainda mais evidente.
Com uma evidente vertente inovadora.
Números que evidenciam a "Competitividade e internacionalização" do Japão.
Programa Portugal 2020
No programa Portugal 2020 que reúne Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, encontramos 16 programas operacionais, entre os quais o Compete 2020, referente à Competitividade e internacionalização.
Nos avisos para apresentação de candidaturas
01/SI/2015 e 03/SI/2015, referentes ao sistema de incentivos “Inovação
Produtiva”, encontramos uma metodologia de avaliação de projetos com diversos
indicadores, entre os quais encontramos:
C. Impacto
na economia
C2. Impacto
estrutural do projeto
Com dois indicadores de produtividade
VAB – valor acrescentado bruto
RH – quantidade de trabalhadores
C3. Grau de Qualificação do emprego criado
C3. Grau de Qualificação do emprego criado
Onde é avaliada a percentagem de trabalhadores altamente qualificados, antes do projeto e depois da implementação do projeto.
EAQ = Nº de trabalhadores com nível de qualificação
igual ou superior a 6, ou seja Licenciatura, Mestrado ou Doutoramento.
Análise
Se numa empresa o aumento percentual do número de
trabalhadores, for superior ao aumento percentual do VAB, então o indicador P1
irá ser negativo e a pontuação final comprometida. Bem como quantos mais
trabalhadores tiver que contratar para um determinado aumento de VAB, também
pior será o valor obtido no indicador P2.
Em contrapartida o aumento da automação de processo,
com redução do número de trabalhadores, irá aumentar ambos os indicadores P1 e
P2.
Por outro lado, uma empresa que aumente o número de
trabalhadores, sem aumentar o número de trabalhadores com nível de qualificação
superior a 6, obterá também uma má classificação no indicador C3.
Conclusão
Se voltarmos a pensar na cultura industrial
japonesa, onde existe um grande número de engenheiros no chão de fábrica,
trabalhando diretamente no produto, podemos concluir que esta cultura traria
resultados positivos na avaliação de um projeto no âmbito de uma
candidatura no Compete 2020.
Porque, na cultura industrial japonesa existe um elevado nível de automação, associado a elevados percentuais de quadros altamente qualificados. Que permitem operações com elevados níveis de inovação, competitividades elevadas e reduzidos prazos de implementação de novos projetos.
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