"Uma empresa não pode: receber, produzir e enviar;
produto não conforme"
Se pensarmos que em
média, mais de 60% dos gastos na indústria transformadora são relativos aos custos
das mercadoria vendidas e das matérias consumidas.
Então na
contabilização dos custos da não qualidade, saberemos à partida que o custo do
que compramos terá um peso considerável na soma final. Que somente com um
processo de controlo eficaz e requisitos de produto devidamente detalhados e acordados
poderemos ter expectativas de ser reembolsados por parte do fornecedor.
A norma ISO 9001, no
seu capítulo 7 relativo à realização do produto, possui um subcapítulo dedicado
a compras (7.4).
Este subcapítulo da
norma está separado em 3 cláusulas, que de forma resumida poderão ser
descritos como:
- Processo de compra - assegurar que o produto comprado está de acordo com os requisitos, e que os fornecedores devem ser escolhidos e avaliados;
- Informação de compra - todas as informações relativas ao produto e outras necessárias estão descritas;
- Verificação do produto comprado - definir e implementar ações de inspeção.
Se é certo que as
operações de controlo não agregam valor ao produto, pois não transformam o produto, razão pela são
operações que o cliente dificilmente estará disposto a pagar.
Sendo assim, e como
a norma só exige que sejam estabelecidos processos de controlo, não fazendo
qualquer exigência relativamente à profundidade e periodicidade com que os mesmos são realizados. Isto leva a que qualquer organização possa e deva
trabalhar para os reduzir até ao mínimo indispensável.
Então vejamos…
Se um fornecedor
possuir um processo "6Sigma", a longo prazo, ou seja possuir um Cpk de 2,0, isto quer dizer que
só produzirá 1 peça defeituosa a cada 500 milhões de peças fornecidas. Neste
caso não fará sentido implementar qualquer processo de controlo por amostragem,
pois a probabilidade do mesmo detetar a peça não conforme será tendencialmente
nula. De igual forma implementar um processo de controlo a 100% para encontrar
a "agulha no palheiro" dificilmente terá uma relação custo/benefício
positiva.
Este exemplo deverá ser a
visão de qualquer organização, não sendo normalmente o que encontramos à nossa volta.
Razão pela qual, as
organizações deverão:
- Identificar, descrever e enviar todos os requisitos específicos relativos ao produto que pretendemos comprar para o fornecedor, garantindo o seu entendimento por parte do fornecedor, tendo em atenção que num mercado cada vez mais globalizado, se não o fizermos poderemos ter pela frente diversos problemas como:
- interpretação dos requisitos (nomeadamente problemas linguísticos);
- referenciais de trabalho diferentes (normas, legislação, etc);
- culturas industriais diferentes;
- Escolher e avaliar os fornecedores, adequando o processo de comunicação/interação, bem como os processos de controlo.
Porque:
- Um fornecedor de topo, com requisitos de produto errados, fornecerá um produto inadequado, logo será avaliado com uma baixa performance.
- Um fornecedor fraco, a fornecer um produto com poucos requisitos, e com os controlos adequados, poderá ser avaliado com uma boa performance.
De igual forma, como
normalmente qualquer organização terá fornecedores, bem como clientes, será
igualmente importante que quando recebe um pedido/encomenda de um cliente, seja
exigente e solicite todos os requisitos que entenda necessários para a correta
avaliação das suas capacidades para fornecer, tal como vêm igualmente referido
na norma ISO 9001.
Cláusulas:
- 7.2.1. Determinação dos requisitos relacionados com o produto
- 7.2.2. Revisão dos requisitos relacionados com o produto
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